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Esperança, a última
     Após os deuses gregos criarem os homens e todos os outros animais, deram a Prometeu - esse é o nome do imortal - a incumbência de aprimorar os seres criados. Prometeu, que já tinha muitas tarefas a cumprir, chamou seu irmão Epimeteu para ajudá-lo.
     - Epi, você fica encarregado da obra. Se tiver algum problema é só me avisar.
     - Entendido, irmão.
     Epimeteu atribuiu a cada animal, conforme a sua espécie, os dons de coragem, força, rapidez, sagacidade, asas a um, garras a outro, carapaça protegendo um terceiro. Quando chegou a vez do Homem, que foi criado por último pelos deuses, percebeu que sua sacola de utilidades estava vazia, todos os recursos já haviam sido distribuidos aos outros animais! Epimeteu, assustado, recorreu à sua supervisão.
     - O que eu faço?
     Prometeu estudou o caso com afinco e concluiu que estava só faltando o fogo sagrado dos deuses, ou a consciência individual dos próprios deuses.
     - E o que é isso?
     Sorriu para Epimeteu e prometeu - isto é apenas o verbo prometer - a seu irmão que o problema já estava resolvido, que não se preocupasse mais com isso e que o esperasse ali mesmo. Então, foi pedir ao chefão Zeus, o empréstimo de um pouco do seu fogo sagrado, para completar a obra da criação humana.
     - Agora não, Prometeu, estou atarefado aqui com meus convidados. Volte mais tarde.
     - Que bonito! Zeus fazendo festa e eu com a tarefa mais importante a ser executada em todos os tempos!
     Saiu à francesa, fuçou pelo palácio e encontrou o cofre onde jazia o fogo sagrado. Esfregou as mãos e com aquela risadinha especial desafiou Zeus, roubou-lhe o fogo sagrado. Afinal, não poderia deixar os homens viverem sem consciência!
     Voltou e entregou o produto do roubo a Epimeteu que, solenemente, o entregou ao Homem, o que assegurou a superioridade dos humanos sobre os outros animais. O fogo, porém, era exclusivodade dos deuses!
     - Ei, você, o que aconeceu por aqui?
     - Não sei, Zeus, pode me dar alguma pista?
     - Vou lhe dar uma surra, não uma pista!
     Zeus, após dar a surra no guardião que devia tomar conta do fogo, começou a temer os mortais, porque poderiam ficar tão poderosos quanto ele próprio!
     - Primeiro, vou punir Prometeu, depois faço o mesmo com os Homens por terem aceitado de presente um produto roubado!
     - Esse castigo é muiuto forte, senhor. Eu apenas cumpri meu trabalho que o senhor mesmo me incumbiu de realizar.
     - Vai ficar acorrentdo aí na rocha por toda a eternidade, e não pense que vai ficar só nisso!
     E Prometeu lá ficou acorrentado no Monte Cáucaso, mas, não era só isso, tinha dito Zeus. No dia seguinte apareceu uma águia, ou um abutre, que sem pedir licença começou a bicar o fígado de Prometeu, devorou tudo e foi embora.
     Como Prometeu era imortal o fígado se regenerou durante a noite. Então, a águia ou abutre, voltou e comeu o novo fíagado. Isso, segundo o decreto oficial do Olimpo, era para durar 50 mil anos, ou toda a eternidade, como profetizou a póprio Zeus.
     - Por favor, Quiron, fique um pouco aqui no meu lugar, preciso ir ao banheiro.
     O centauro Quiron, amigo de Prometeu, deixou-se acorrentar lá no Cáucaso onde o abutre, ou a águia, já devia estar cansado, ou cansada, de comer fígados. Maas, Quiron, para acabar com o cansaço da águia, ou abutre, lançou mão de seu arco e flexa e com um tiro certeiro no olho matou a águia, ou abutre, comedora, ou comedor, de fígados. O centauro, embora com o fígado intacto, até hoje está esperando que Proneteu volte do banheiro. Assim, Prometeu foi sacrificado por ter presenteado os Homens com o fogo sagrado dos deuses.
     Enquanto Prometeu e Quiron se revezavam no Monte Cáucaso, Zeus trançava seus pauzinhos contra o incauto, indefeso e inocente humano! Chamou Pandora, mulher que ele havia criado somente para um caso como esse.
     - Pandora, apresente-se ao Homem. Faça-o saber que você é uma mulher, a primeira comopanheira dele. Torne a vida dele insuportável.
     Pandora trouxe uma linda e misteriosa caixa com instruções de Zeus para que não abrisse antes que ele lhe ordenasse. A mulher, cuja curiosidade era maior do que as ordens de Zeus, abriu o baú muito cedo e o mundo, a partir daí, estava definitivamente perdido!
       Às risadas e aos gritos  apavorantes, todos os males e doenças que afligem a humanidade foram saindo da caixa. Pandora, arrependida, fechou o baú novamente, mas, só conseguiu segurar a Esperança no fundo da caixa, e é sempre a última a sair das sombras.

Praia Grande, SP, 13/12/23

Edmir Bergamini
Enviado por Edmir Bergamini em 13/12/2023


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